Sobre as glândulas salivares:
Localizadas no interior e em torno da cavidade oral, as glândulas salivares têm como objetivo principal a produção e secreção da saliva, indispensável na digestão dos alimentos e proteção dos dentes. As glândulas maiores são encontradas sempre aos pares e seguem abaixo:
Glândula parótida: É a maior glândula salivar. Localiza-se entre a orelha e a mandíbula, sendo intimamente associada ao nervo facial .
Glândula submandibular: A segunda em tamanho. Situada no assoalho da boca, abaixo do osso da mandíbula.
Glândula sublingual: Tem forma de amêndoa, é a menor dos três pares de glândulas salivares maiores, estando situada no assoalho da boca, entre a porção lateral da língua e os dentes.
Glândulas salivares:
1 – glândula parótida,
2 – glândula submandibular,
3 – glândula sublingual
Glândula salivar menor: Numerosas glândulas salivares menores (estima-se entre 600 a 1000) e existem como pequenas massas discretas que ocupam a submucosa na maior parte da cavidade oral e orofaringe.
Muitos dos tumores nas glândulas salivares não se espalham para outros tecidos e não são cânceres (malignos). Sendo tumores benignos seu tratamento é diferente. Além de tumores, outros problemas que podem ocorrer nas glândulas salivares são a obstrução por cálculos, infecção e aumento de tamanho da glândula causado por infecção em pacientes portadores de HIV (AIDS) ou por diabetes e alcoolismo.
Estatística
Os tumores de glândulas salivares representam 3% de todos os tumores do corpo e ocorrem em 80% dos casos nas glândulas salivares maiores, com maior predileção pelas glândulas parótidas.
No estado de São Paulo, segundo dados do Registro de Câncer, os tumores malignos de glândulas salivares apresentam uma incidência de 1,7 para cada 100.000 homens e 1,1 para cada 100.000 mulheres
As estatísticas também mostram que 95% dos nódulos palpáveis da glândula parótida são de origem tumoral, sendo esta glândula a mais freqüentemente acometida. O palato é o local mais comum de ocorrência dos tumores de glândulas salivares menores. Aproximadamente 20% dos tumores da parótida, 50% dos tumores da submandibular, 80% dos tumores das salivares menores são malignos.
Fatores de risco
Postula-se que exposição prévia à radiação ionizante, predisposição familiar e inalação crônica de pó de madeira podem predispor a ocorrência destes tumores, mas uma relação de causa e efeito não pode ser comprovada.
Sinais e sintomas
- Tumor de crescimento lento da glândula
- Lesão geralmente indolor
- Ocorrência de dor ou crescimento rápido do tumor podem denotar diferenciação maligna.
Tipos de tumores
Os tumores de glândulas salivares apresentam uma grande variedade de tipos histológicos podendo ser benignos ou malignos
O tumor benigno mais comum da glândula parótida é o adenoma pleomórfico (tumor misto) caracterizado por uma história de crescimento lento. De forma geral, não ocorre acometimento da função do nervo facial ou dor.
O tumor maligno mais comum da glândula parótida é o carcinoma mucoepidermóide. Tem a característica de ser indolor no inicio, causando dor no seu curso além de comprometer a função do nervo facial.
O Carcinoma Adenóide Cístico é o tumor maligno mais freqüente da glândula submandibular e das glândulas salivares menores. Conhecido por ser o mais agressivo e possuir a característica de ser neurotrópico (afinidade pelo nervo).
Quanto aos demais tumores existentes nesta região, esclareça suas dúvidas com seu médico.
Diagnóstico
Como ocorre em todas as áreas do conhecimento humano, no terreno das lesões de glândulas salivares os progressos de natureza cientifica têm sido grandes. Novos conceitos e classificações mais precisas permitem o diagnóstico e tratamento de patologias que foram muitas vezes confundidas por seu quadro clinico ou histopatológico.
O diagnóstico dos tumores das glândulas salivares maiores e menores é clínico. Sinais tais como a fixação do tumor, a indefinição em relação às estruturas adjacentes, e a presença de paralisia facial são fatores indicativos de malignidade.
A facilidade de diagnóstico por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) ou agulha grossa (PAAG) as vezes auxiliada com o uso de ultra-som ou tomografia computadorizada a torna um bom método de diagnóstico para estas lesões. A tomografia computadorizada com contraste ou até a ressonância magnética podem ser necessárias previamente à cirurgia visando delimitar as estruturas ósseas e de partes moles ao redor do tumor.
Tratamento cirúrgico
Tanto os tumores benignos como os malignos das glândulas salivares são tratados essencialmente por meio de ressecção cirúrgica (tratamento Gold Standard). O prognóstico (sobrevida) também é influenciado pela localização da lesão, estadiamento, tamanho do tumor, seu tipo histológico e sua relação com as estruturas adjacentes.
No pós operatório imediato e recente de tumores de glândulas salivares, o paciente poderá ter desvio de rima (canto da boca) ou até uma dificuldade para fechar os olhos, de modo temporário. Isto está intimamente relacionado com o tipo e extensão do tumor e acurácia do cirurgião. Atualmente, utilizamos de rotina a neuromonitorizacao eletrofisiológica intra-operatoria do nervo facial a fim de minimizar estas intercorrências.
Seguimento
O acompanhamento do paciente pelo médico vai depender do tipo histológico do tumor. Em se tratando de tumores benignos não há necessidade de tratamento adjuvante com exceção dos casos de adenoma pleomórfico recidivado. Quanto aos tumores malignos de baixo grau histológico e estadios iniciais é necessário apenas seguimento pós-operatório. Na maioria dos casos de tipo histológico mais agressivos e estadios avançados (T3 e T4) será necessária radioterapia adjuvante.
Detalhes do seguimento pós-operatório deverão ser discutidos com seu médico cirurgião.