Tumor de boca

As estruturas que compõem a boca são: os lábios, o revestimento interno da boca (mucosa jugal), os dentes, gengivas, os primeiros dois terços da língua, a parte da boca que fica debaixo da língua (assoalho da boca), o céu da boca (palato duro) e a área atrás dos dentes do siso (trígono retromolar).

 

 

Alguns dos tumores que acometem essa região são benignos. A maioria é maligna (câncer) e pode invadir tecidos vizinhos além de disseminar regionalmente para linfonodos (caroços) do pescoço e até atingir outros órgãos do corpo (metástasesà distância). 

 

Estatística

O câncer de boca é uma doença de grande importância no Brasil, apresentando variações regionais significativas tanto na incidência quanto na mortalidade. Esta lesão é mais frequente em homens acima dos 40 anos de idade.

O instituto nacional do câncer (INCA) estima 11.180 novos casos da doença em homens e 4.010 em mulheres para cada ano do triênio 2020-2022. As regiões Sudeste e Sul apresentam as maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença.

A abstenção de fumo e bebidas alcoólicas, dieta rica em alimentos saudáveis, boa higiene oral, prevenção e uso de vacinas contra HPV, diminuem as chances de desenvolver os tumores de boca, que são os mais comuns tipos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevenção pode ajudar a reduzir a incidência de câncer em até 25% até 2025.

Quando diagnosticado no início e tratado da maneira adequada, a maioria dos casos desse tipo de câncer (80% deles) tem cura. Geralmente, o tratamento envolve cirurgia oncológica e radioterapia. A avaliação médica, de acordo com o estadio do tumor, vai decidir qual melhor forma de tratamento.

Os dois métodos podem ser usados de forma isolada ou associada. As duas técnicas têm bons resultados nas lesões iniciais e a indicação vai depender da localização do tumor e das alterações funcionais que possam ser provocadas pelo tratamento. As lesões iniciais são aquelas restritas ao local de origem.

Não há evidências científicas de que o autoexame seja efetivo como medida preventiva pois a população em geral tem dificuldade em diferenciar lesões potencialmente malignas de áreas anatômicas normais e assim, corre o risco de negligenciar as lesões potencialmente perigosas, que podem levar ao diagnóstico tardio da doença. Porém, em relação à detecção precoce, é imprescindível estar atento ao surgimento de qualquer sinal de alerta. Lesões que não cicatrizam após 15 dias devem ser investigadas por um profissional de saúde.

 

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para o câncer de boca são o tabagismo e o consumo excessivo do álcool

A chance de um fumante inveterado desenvolver um câncer de boca pode chegar até a 16 x maior se comparado aos não fumantes.

O alcoolismo pesado, por si só, já é um importante fator de risco que aumenta em 6x a chance de ocorrer um câncer de boca, mas quando associado ao fumo, este risco é multiplicado.

Outro importante fator de risco é a presença do papilomavírus humano (HPV-sorotipos carcinogenicos), que podem ser transmitidos por meio de relações sexuais desprotegidas (sexo oral).

Outros fatores etiológicos:

Traumas contínuos da mucosa bucal-dentaduras mal adaptadas, dentes fraturados que podem traumatizar cronicamente a mucosa e causar câncer. 

Uso de imunossupressores –tratamentos de doenças autoimunes, transplantados.

Exposição ao sol: a exposição à radiação solar ultravioleta frequente pode levar ao câncer, principalmente em lábio inferior.

Alimentação: dietas pobres em frutas, legumes e verduras também estão associadas a maior risco de câncer de boca.

Sinais e sintomas
 

A existência de quaisquer dos sintomas e sinais abaixo pode sugerir a existência de câncer. Sendo assim, o médico deverá ser consultado a fim de confirmar ou não o diagnóstico. Alguns desses sintomas podem ser causados por outros tipos de lesões menos graves (benignas). Quanto mais cedo o diagnóstico é realizado e iniciado o tratamento, maiores serão as chances de cura.

 

  • Ferida na boca que não cicatriza (sinal mais comum)
  • Dor persistente na boca (também muito comum, mas em fases mais tardias)
  • Espessamento da mucosa da bochecha
  • Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca
  • Irritação na garganta ou sensação de corpo estranho
  • Dificuldade para mastigar ou engolir
  • Dificuldade para mover a língua
  • Dormência da língua ou outra área da boca
  • Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva 
  • Dor em torno dos dentes ou mandíbula
  • Mudanças na voz
  • Nódulos persistentes ou aumentados no pescoço


Tipos de tumores

Acima de 90% dos cânceres que ocorrem na boca são carcinomas de células escamosas, também chamados de carcinomas espinocelulares. 

Pode ocorrer o carcinoma verrucoso (Carcinoma de Ackerman) que é um tipo de câncer menos agressivo e incomum (5% dos tumores da boca) que raramente produz metástase, mas pode disseminar profundamente pelos tecidos vizinhos. Desse modo é imperativo a remoção cirúrgica do tumor com boa margem de segurança dos tecidos ao redor.

Também podem ocorrer tumores oriundos de glândulas salivares menores que se localizam sob a mucosa da boca. Dentre estes, estão o carcinoma adenoidecístico e o mucoepidermoide (malignos) e com menos frequência nestas glândulas menores está o adenoma pleomórfico (benigno, mas que pode malignizar).

Os locais mais comuns de ocorrência de câncer na boca são a língua (26%), os lábios (23%), principalmente o inferior, assoalho de boca (16%) e glândulas salivares menores (11%).


Diagnóstico
 

Muitos casos de câncer de boca podem ser diagnosticados precocemente durante exames médicos ou odontológicos. Certos tumores produzem sintomas logo no início, levando o paciente a procurar o médico, mas infelizmente muitos só provocam sintomas quando atingem um estadio avançado ou então causam sintomas que parecem ser outro problema, como dor de dente, por exemplo.

Dentre a propedêutica para diagnostico estão:

  • A história do paciente e o exame físico locorregional
  • Exames de vídeonasofaringoscopia, videofaringoscopia e vídeolaringoscopia, haja vista, que pacientes com câncer de boca têm maior risco de apresentar tumores em outras áreas da cabeça e pescoço, e devem ser examinados detalhadamente
  • Biópsia de aspiração por agulha fina (PAAF) ou por agulha grossa (PAAG) nas situações de linfonodo suspeito de malignidade no pescoço. É preferível que a PAAF seja realizada guiada por exame de Ultra-som
  • Biópsia incisional na lesão primaria ou quando a PAAF não é elucidativa.


Tratamento

As opções de tratamento para pacientes com câncer de boca são cirurgia e radioterapia, sozinhas e combinadas entre si. Dependendo do estadio do tumor, estes tratamentos podem ser associados com quimioterapia.

O paciente deve discutir com seu médico sobre as chances de cura, os efeitos adversos do tratamento e qualidade de vida.

Nos procedimentos cirúrgicos de maior porte, pode haver a necessidade de traqueostomia (abertura na traquéia) para ventilação pulmonar e também de sonda para alimentação por um tempo prolongado.


Seguimento

É imprescindível que esses pacientes sejam acompanhados de modo seriado e com rigor pelo resto da vida; pois dentre os pacientes considerados curados do câncer de boca, entre 10%-40% podem desenvolver outro câncer em um desses órgãos (vias aerodigestivas superiores) ou até um segundo tumor na mesma área bucal.

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