Tumor da base do crânio

O que é a base do crânio ?

A base do crânio é uma região que forma o “piso”, ou seja, onde o cérebro se apoia no crânio. Anatomicamente a base do crânio está dividida nas regiões anterior (onde apóia o lobo frontal), média e posterior (fig.1).

A fossa anterior é o sítio de origem tumoral mais frequente dentre os tumores desta região. Os tumores que envolvem esta fossa originam-se principalmente das fossas nasais e seios paranasais. 

 

 

 

O tumor da base do crânio pode ser um crescimento tecidual benigno ou maligno que se origina das estruturas da base do crânio como o tecido cerebral, as membranas de revestimento do cérebro (meninges), os nervos cranianos, a parte óssea com posterior envolvimento do cérebro, ou ser uma manifestação à distância de tumores de outras partes do corpo (metástase). Tumores invasivos localizados em regiões próximas da base do crânio como do teto nasal, órbita ou seios paranasais, podem acometer essa região.

A hipófise é uma glândula produtora de hormônios e também se localiza na base do crânio em um local chamado fossa média.

 

Estatística

 

Os tumores da base do crânio são raros, representam menos de 1% de todos os tumores do corpo e podem acometer pacientes de qualquer faixa etária, sendo mais freqüentes entre 40 e 60 anos. Não há predominância quanto ao sexo.

Estudos mostram que a taxa de sobrevida é de 58% em cinco anos. Isso mostra a importância do diagnóstico precoce e cirurgia para resolução do problema.

 

Tipos de tumores

 

De modo geral, os tumores que geralmente acometem esta região são tumores avançados de estruturas adjacentes que por invasão direta atingem a fossa anterior. Por outro lado o estesioneroblastoma, um tumor maligno do tipo neuroectodermico primitivo, tem origem do epitélio olfatório (entre teto nasal e base anterior do crânio).  

O neuroma do acústico (tumor do nervo da audição) é ocasionalmente descoberto devido aos sintomas que provoca (zumbidos, tonturas), mesmo quando ainda é pequeno em tamanho.

O adenoma de hipófise é o tumor mais comum, proveniente desta glândula.

Outros tumores benignos podem apresentar comportamento agressivo e de mau prognóstico. 

Os tumores malignos mais freqüentes são de origem epitelial, sendo o carcinoma epidermóide o mais comum. Estes podem crescer rapidamente, invadindo estruturas vizinhas. 

 

Fatores de risco

 

A causa da maioria dos tumores cerebrais é desconhecida. Existe pequeno grupo de pacientes portadores de tumores determinados geneticamente.

A neurofibromatose tipo 2 (tumor benigno de comportamento maligno) é uma condição hereditária associada a Schwannomas de ambos os nervos auditivos ou outros nervos cranianos. Em alguns pacientes podem ocorrer meningeomas múltiplos ou ependimomas da medula espinhal.

Como os tumores localizados na base do crânio são raros, muitos estudos ainda necessitam ser realizados de um modo multi-institucional a fim de se conseguir um número estatístico suficiente para elucidar supostos fatores de risco. 

 

Sinais e sintomas

 

Os sintomas iniciais podem passar despercebidos, determinando desafio para o diagnóstico. Entretanto, podem existir sintomas que alertam sobre lesões desta região. 

 

  • Dor de cabeça
  • Epistaxe (hemorragia nasal), 
  • Obstrução nasal
  • Muco nasal sanguinolento
  • Exoftalmia (protusão do globo ocular)
  • Diplopia (visão dupla de um mesmo objeto), 
  • Epífora (lacrimejamento contínuo e involuntário),
  • Assimetria facial
  • Alteração progressiva da sensibilidade da face
  • Queda da pálpebra
  • Otalgia (dor de ouvido)
  • Perda auditiva
  • Desequilíbrio

 

Diagnóstico


O diagnóstico baseia-se na história clínica e exame físico bem detalhado.

Na suspeita de tumores da região anterior da base do crânio (teto nasal, seios paranasais) poderá ser iniciada a propedêutica armada com uma vídeonasofibroscopia e possível biópsia do tumor para análise. 

Quanto aos exames de imagem, a tomografia é normalmente o primeiro exame solicitado para avaliar o envolvimento ósseo da região, fornecendo informações valiosas sobre o tratamento. 

A ressonância magnética possibilita a identificação do tumor, bem como avaliar o comprometimento do cérebro e nervos.

No caso do neurinoma ou neuroma de acústico, testes auditivos podem revelar o grau da perda de audição.

 

Tratamento cirúrgico

 

A seleção do tratamento dependerá da natureza e extensão do tumor, bem como das condições físicas do paciente. A localização e tamanho do tumor, seu tipo histológico, invasão de estruturas regionais e a experiência do cirurgião irão determinar o tipo de abordagem cirúrgica.

A cirurgia craniofacial constitui a principal modalidade de tratamento para os tumores que acometem a região da base do crânio anterior. A radioterapia adjuvante está indiada nos casos de tumores malignos.  A reconstrução estética reparadora é sempre considerada quando possível e no mesmo ato operatório. 

Cirurgia endoscópica avançada poderá ser uma opção viável para selecionados casos iniciais e de acordo com a experiência do cirurgião. A remoção incompleta do tumor é indicada apenas para pacientes de alto risco, complicações e/ou dificuldades transoperatórias.  

 

No período pós-operatório, um ou mais dias são necessários em unidade de tratamento intensivo para monitoração das funções vitais (respiratórias, principalmente) e problemas que podem ocorrer nessa fase: cefaléia, vômitos, distúrbios de deglutição, etc. Outros problemas incluem: fístulas liquóricas e infecções que podem ser tratadas com outros procedimentos não cirúrgicos e antibióticos.

 

As complicações mais significativas são a ocorrência de infecções locais, fístulas e meningite.

 

Seguimento

 

O seguimento deverá ser individualizado de acordo com o tipo histológico, a localização e extensão tumoral (estadiamento). A fim de detectar recidivas tumorais, de modo geral, o paciente será avaliado durante as consultas seriadas com seu médico por meio de exames específicos como vídeonasofibrolaringoscopia (nos casos de fossa anterior), com exames de otoscopias (nos casos de fossa média).

 

De um modo individualizado, o seu médico saberá indicar a necessidade de exames de imagem como tomografias computadorizadas, ressonância magnética ou Pet CT Scan. 

Newsletter

Quer receber nossos artigos e novidades?
Preencha seu e-mail ao lado.